quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O curso dos israelenses.

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Silenciosamente repreendo a mim mesma, porque meus desafios têm sido cada vez mais audaciosos e sempre tenho medo de descobrir tipo tarde demais que dei um passo maior que minhas pernas.

Os israelenses há muito tempo empregam mulheres nas áreas operacionais do combate, mas senti uma pontada no estômago quando percebi que era só eu de mulher no curso. Parecia operação sigilosa porque ninguém ficou sabendo. O delegado meu chefe conseguiu a vaga dele e me colocou no pacote. Havia só três alunos oriundos da minha polícia, o restante era de outras instituições. 

Foi muito interessante ver como os israelenses fazem o trabalho que eu faço aqui na polícia. São simples e ousados. Nesse curso foram bastante exploradas as ações do operador individualmente. Digo isso debruçada nos parâmetros dos que preferem enfatizar a integração sincronizada de equipes com 10, 15 componentes, sistema em que fui criada, porque os israelenses sabem se virar com apenas um ou dois colegas. Olha, se brincar eles fazem o que têm de fazer até sozinhos, sério mesmo. Acho que isso se deve talvez ao histórico deles em operar na clandestinidade e tal. Meus professores da Academia teriam um ataque se vissem isso, mas estou naquele momento da minha vida profissional em que procuro não depender muito da boa vontade da Administração em prover os meios que preciso pra trabalhar. Prefiro a qualidade à quantidade, professor.

Era um só professor durante todo o curso, cujo semblante era dominado por um ar de confiabilidade. Seu estilo era bem diferente do jeito mais formal dos professores franceses. Muito sério, mas simples e acessível. Sem a ajuda de tradutores, ele deu aula em português sofrido, mas num tom moderado e aprazível. A dedicação e atenção que dispensou a cada aluno da turma suplantou a falta de vocabulário dele.

Pelo fato de eu agora estar trabalhando mais na área de planejamento de operações, caprichei na hora de escrever o trabalho de conclusão do curso. Estudei sim, todos os dias, mas tive muita sorte, porque já tinha operado no cenário que ele escolheu para o prova final. Banaliza-se o conceito de irritar os coleguinhas, quando o único aluno a tirar a nota máxima do curso é uma mulher, né? Então vamos parar por aqui.

(Tem uma equipe nossa trabalhando na missão deles aqui no Brasil. Eles nos disseram que em breve precisariam muito de uma mulher na equipe e nessa hora senti meu coração batendo dentro dos meus ouvidos. Eu seria muito louca ao ponto de topar trabalhar com eles, sim).