Melhor ter sofrido um trote daqueles que demonstram logo o "tipo sanguineo" do "sangue novo" que chega na polícia, a ter que aguentar essa mulher. Mais velha e mais antiga na casa que eu, ela implica dia e noite com meu sotaque, desaprova meu estilo street wear, recrimina minhas convicções políticas, faz piada da minha fé e torce contra o meu time de futebol. Adora me provocar, mas sempre levei em banho-maria e procuro manter distância segura. Finjo que nem é comigo. Em qualquer lugar do mundo isso seria bullying, mas aqui é normal que peguem no pé dos novinhos, ou de onde vocês pensam que veio a frase "Nunca serão!"? Dá vontade de pedir pra sair, mesmo. Só que o delegado percebeu, me chamou na sala dele e perguntou se eu queria que ele interferisse na situação. Imagina! Claro que eu disse que não. E o quê? Delegado se metendo em guerra de agentes? Porém, ele me fez perceber que a situação era mais grave do que eu imaginava e agora consigo entender algumas coisas estranhas que aconteceram. Mesmo assim insisti: "Muito obrigada, chefe, mas meus problemas resolvo eu. Já sou grandinha pra saber me cuidar". Mentira, porque né? Depois que saí da sala dele chorei igual criança sozinha. Agora eu sei... dores que a gente não entende são mais difíceis de tratar.
AQUELE MOMENTO QUE...
Há 2 anos