sábado, 24 de março de 2012

Nem doeu!


Entendi o motivo de ter tanto colega meu que pode estar vendo o circo a delegacia pegar fogo, mas não move uma palha além daquilo que lhe é estritamente exigido. É uma coisa chamada desmotivação. É porque alguém em algum lugar do passado provou pra eles que não vale a pena lutar e fazer a diferença. Aquele famoso espírito de "novinho empreendedor", que deixa no ar aquele hálito de garra e motivação que arde em excitações dentro no peito, deixou-se matar. Aceitam tornar-se profissionais meia-boca, sucumbidos pelo medo de sofrer. Esqueceram-se dos gritos de guerra da Academia, e aceitam viver entre as quatro paredes da acomodação. Desistiram.

É assim que vejo a alma do meu chefe. Talvez eu estivesse um pouco distraída ou talvez seja ele mesmo que se esconde por trás daquela barba grossa e fechada.  Aquela plaqueta que identifica a mesa dele deveria conter a inscrição "Senhor Frustrado". Pelo fato de ele, um agente já da "Classe Especial", estar naquele setor fazendo o que faz, das duas, uma: ou ele apostou errado em algum ponto no passado da carreira dele, achando que ia se dar muito bem... ou ele é mesmo muito incompetente. É difícil trabalhar com um chefe assim, sem se deixar contaminar.

Por isso que eu fujo dele e insisto em trabalhar como reforço noutro setor. Vi que ele se sentiu diminuído quando o Jack me ofereceu a última vaga naquele curso dos Franceses (o povo aqui adora um certificado! Internacional, então...). E o olhar estranhamente frio dele quando precisaram de alguém que falasse outro idioma para aquela missão específica. Eu fui e ele ficou. Consegui entender por que ele se sente tão mal com isso. É porque ele é antigão, deve ter sofrido muito no início da carreira, então ele acha que eu não posso me dar bem porque sou novinha! Pronto, falei. Vocês acham que é fácil pra ele encarar o fato de uma guriazinha com tão pouco tempo de casa ter recebido um elogio escrito de um "Tiranossauro Rex" (chefe de polícia bacanudo)? Elogio esse que veio descendo a longa cadeia alimentar de comando até chegar nele pra depois chegar em mim?

É duro, sim! Aprendi que destacar-se por qualquer coisa boa no serviço público é uma manobra muito arriscada e pode te custar caro. Porque igual a uma cobra sorrateira que surge por atrás da moita (sossega mulherada!), ele esperou o momento exatinho para dar o bote certeiro. E esse momento, no meu caso, chama-se “avaliação de desempenho”. Acho que ele procurou até nos recônditos mais escuros de sua maldade algum item dentre os disponíveis na referida avaliação para me acusar de ter deixado a desejar em alguma área. E achou! Evidentemente não entendi o motivo de ele ter me avaliado a menor naquele item e perguntei: “Mas como? Por acaso eu faltei algum dia ao serviço?” Ele ironicamente respondeu que, de certa forma sim, porque eu trabalhava mais no setor do Jack que no setor dele. Logo, ele não poderia dizer que eu era assídua na "minha" seção...  Olha o naipe do veneno... Aí eu ri, né, argumentando que todas as solicitações de reforço que o Jack faz são devidamente documentadas, respaldadas e fundamentadas e que, em sendo assim, quem deveria fazer a minha avaliação era o Jack. E depois chorei de raiva, porque quem avalia o servidor é o chefe de direito, do setor onde você é lotado a maior parte do período referente à avaliação. E não o meu chefe de fato – Jack Bauer - Entendeu?

Mas que droga de probatóriooooooo!!!!

O que me revolta não é o prejuízo na carreira. Os pontinhos que ele tirou são praticamente insignificantes, tipo um 9,5 sabe? Mas a minha indignação e revolta é porque tem um quilo de APFs (Agentes de Polícia Frustrados) naquela porcaria daquela delegacia que só trabalha mal e quando quer e ele vem tirar ponto meu, que trabalho voluntariamente feito uma burrrrrra de carga, varando noites e tudo mais? Ahtelascá, né?

Espera sentado quem pensa que eu vou puxar saco de alguém pra tirar nota máxima em qualquer tipo de avaliação que supostamente possam fazer por aí. Já falei para o Jack que pra seção do meu chefe "de direito" (absurdo isso!) eu não volto! Se ele não conseguir me remover para o setor dele que me ajude então a ir pra SVU, ou pra qualquer outro lugar, tô aceitando até função de cão farejador! Mas para aquela delegacia, não volto mais! Morro, mas não me entrego!

sábado, 10 de março de 2012

Ninguém disse que seria tão difícil.


Queria reencontrar aquela professora de redação da Caixa e aquele professor de judô do SESI... Ah, e o instrutor de tiro da Academia da Polícia Civil e o professor de educação física da Academia da PM do meu Estado... A lista  é grande das pessoas que me ajudaram naquela fase tensa de preparação para o concurso. Queria que soubessem que reconheço tudo o que fizeram por mim, e queria assegurá-los, queria deixá-los tranqüilos, enfim, queria muito que eles tivessem certeza de que eu não vou decepcioná-los.

Eu não vou decepcionar você. Sei o que você representou nesta minha jornada até aqui. O primeiro empurrãozinho quando eu ainda nem imaginava um dia estar aqui. A tua força constante. Você foi comigo em todas as provas e vibrava com minhas vitórias. Você sempre segurou a onda numa boa. Relevou minha ausência. Me sustentou durante um bom tempo, e fez isso tão naturalmente, como se o fizesse por si mesmo. Sem drama e sem cobranças. Lembra que eu te ligava da Academia, chorando baixinho, morrendo de saudades de dormir com você? E você viajava pra ficar comigo nos finais de semana. Aquilo me fazia tanto bem. Você tem esse dom de fazer meu coração acelerado dormir no compasso certinho. Ok, eu já entendi que meras palavras não vão te convencer disso. Na ventania eu ouço os pensamentos desses teus “amigos” e estremeço. Eu vou insistir, tá? Agora é a minha vez de segurar as pontas e não vai ser fácil. Homem desempregado (estressado e deprimido) em casa, não é fácil. Olha, que se dane o que os outros fazem, falam ou pensam. Eu não vou decepcionar você.